Sabe aquele disco que você ouve pela primeira vez, e não consegue distinguir se é bom ou ruim, se você gostou ou não? Humbug, o último disco dos Arctic Monkeys tem exatamente este perfil, like alguns discos dos The Beatles, mais especificamente Revolver. Não é um álbum de um single, ou de baladas que estouram rapidamente nas rádios, mas sim um disco com um “corpo”, bom o suficiente para você desligar o PC, TV e sentar para ouvir no talo, mas mesmo assim somente depois de algum tempo você começa a “enxergar” o álbum de outra forma. Há motivos para Humbug ser assim, primeiro de tudo, logo nos primeiros segundos de música você pensa, “Isso é Arctic Monkeys?”, porque os riffs rápidos, alucinates e doidos foram deixados de lado, mas a mudança foi para melhor, as melodias estão mais trabalhadas, com um tom até sombrio em alguns momentos, como na faixa “Fire and The Thud”.
Tudo isso em cima de influências claro, e os moleques não esconderam nada, meses antes de começar a gravar o disco, já davam pistas, “Estamos ouvindo muito Jimmi Hendrix e Cream”, tem mais, “Com certeza Black Sabbath será um influência para o próximo disco”, e uma pista muito importante, talvez o motivo de uma parte da nova sonoridade da banda, “Estamos trabalhando com Josh Homme (Vocalista do Queen of The Stone Age). Uma música que se pode notar o dedo de Josh Homme é “Dance Little Liar”, com o maior estilo QotSA sem dúvida alguma. Um detalhe importantíssimo, Humbug não foi gravado na Inglaterra, mais da metade do disco foi produzido no deserto de Mojave (USA), sim, um deserto, aonde Josh Homme se isola do mundo. Isso fez com que quase todo o álbum ficasse com uma sonoridade totalmente diferente do já conhecido dos Arctic Monkeys. É só pensar, gravar em um deserto, estúdio pequeno, influências pesadas e um produtor de mão cheia, só poderia sair algo muito diferente, mas incrivelmente bom.
Espere um pouco, não pense que a molecada deixou o crazy rock de lado, além disso, Alex Turner, vocalista, compositor e cabeça da banda nunca deixaria isso acontecer. Isso pode ser “visto” na faixa “Pretty Visitors”, que parece ter saído de “Favourite Worst Nightmare”. Falando no vocalista, até poderia escrever mais sobre ele, mas isso ficará para outro post, especial.
Depois de ouvir o disco mais algumas vezes, me deparei com um riff que me chamou atenção, revelando uma “mentira” de Alex Turner e seus amigos. Eles se esqueceram de citar uma banda que iria influenciar a banda, mas que também foi diretamente influenciada por Black Sabbath, talvez você nem a conheça, se chama Nirvana rsrs. É impossível não comparar o riff de “Potion Approaching” do AM com “Very Ape” dos grunges de Seattle. Seria um plágio? Não, talvez mais uma homenagem, até porque o plágio geralmente é pior que a original, neste caso, os Britânicos mandaram muito bem.
Final da história, Alex Turner e sua trupe fizeram um disco além das expectativas, um pouco criticado no começo pelas mudanças, mas com o sucesso, todos iram se acostumar com o novo e ótimo Arctic Monkeys.
Por Bruno França
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